O legado da Copa das Confederações

Muito se tem discutido sobre o legado que as Copas (das Confederações e do Mundo) vão deixar para a população brasileira e existe um consenso nas opiniões de que serão deixados enormes "elefantes brancos" nas capitais brasileiras que receberão os jogos das competições. Essa discussão é bastante complexa e demanda um ambiente específico para analisar todos os aspectos que envolvem a realização desses eventos, por isso vou me concentrar aqui em uma análise sobre a conjuntura brasileira nessa última semana da Copa das Confederações e nessa primeira semana pós Copa das Confederações.
Desde que teve início a Copa das Confederações a população brasileira começou uma grande mobilização contra a corrupção no país e não é exagero nenhum afirmar que as Copas tiveram uma enorme parcela de contribuição nesse levante, mesmo não sendo a única motivação, evidentemente. Não é de hoje que a FIFA (Federação Internacional de Futebol) vem sendo investigada nos países por onde passou por corrupção e nos últimos anos tem migrado dos países europeus e ricos para a Ásia, Africa e agora América do Sul, nunca época que coincide com a crise da economia européia.

Vários protestos se espalharam por todo o Brasil e um enorme sentimento de indignação e justiça começou a ser cobrado do atual governo, bem sabendo que a atual situação é uma herança que vem desde governos anteriores e não é uma exclusividade do governo da Presidenta Dilma. Uma das marcas desses protestos foi a grande presença dos diversos cartazes, e dentre as várias frases que os preenchiam a que vamos destacar aqui é a seguinte: "Da Copa do Mundo eu abro mão, quero dinheiro pra saúde e educação!". Essa frase irá nos ajudar na análise que estamos fazendo neste artigo.

Durante esse período de manifestações muitas pessoas se questionavam até onde iriam os protestos e o levante popular, visto que, em momentos anteriores (principalmente os mais próximos da nossa geração, depois de 1985) da nossa história, vimos várias vezes que os levantes em nada deram, não passaram de gritos isolados que ficaram ecoando no vazio do esquecimento da população, enquanto isso os administradores do nosso país deitavam e rolavam mamando no dinheiro público, dinheiro dessa mesma população brasileira. Então a grande questão era a seguinte: será que o povo vai esquecer de tudo isso quando acabar a Copa e, novamente, o grito será em vão? A resposta nós iriamos saber somente depois que a Copa acabasse. A Copa das Confederações acabou e o legado mais importante que ela deixou foi esse, a população continuou com sua cobrança e não se desarmou contra a corrupção.

De todos os legados que a Copa poderia deixar esse foi o mais importante, desencadeou na população um sentimento que há muito não se via no povo brasileiro, uma revolta que levou milhares de pessoas em todo o país para as ruas com o objetivo de cobrar melhores condições para essa geração e para as gerações que virão, fizeram cair as porcentagens de aprovação de todos que fazem parte do Poder Executivo e afirmou a insatisfação e reprovação das atitudes tomadas pelas pessoas que fazem parte do Poder Legislativo. As manifestações continuaram e estão chegando a outros segmentos da sociedade.

Dessa vez, a Copa não serviu como ópio da população e por que tenha ocorrido uma tentativa da grande imprensa nacional de tirar a atenção do povo das manifestações e direcioná-las para o título conquistado pela Seleção Brasileira, eles não contavam com a criticidade da população. Dessa vez a Copa serviu apenas como entretenimento, exclusivamente, e não tirou a concentração do povo diante das cobranças que são bastante legítimas por melhorias nos serviços públicos e contra a corrupção.

Ficamos na torcida para que a população brasileira não se canse e adormeça novamente!

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